A Visão da Emoção na AEDP
Darwin, William James, Freud, Spinoza e tantos outros vêm trazendo para primeiro plano a experiência da emoção. Hoje, pode-se aliar a estes os estudos das Teorias Emocionais e das neurociências que caracterizam a emoção como “ferramentas ancestrais para viver” (Panksepp, 1998) e a definem como fenômeno universal, iniciado nas regiões subcorticais do cérebro humano e identificado por sua assinatura neurofisiológica, no corpo e na face.
Com esses fundamentos, a AEDP enfatiza a centralidade da emoção no desenvolvimento do psiquismo. Vista como principal motivador do ser humano, a emoção apresenta como principais funções: 1) a rápida avaliação do ambiente; 2) a ativação e preparação do organismo para uma ação adaptativa; 3) a comunicação, pois informa ao self e ao outro o estado do organismo no momento de sua ativação e, por fim, possibilita o desbloqueio dos conteúdos inconscientes, pois cada emoção carrega e organiza lembranças, percepções, fantasias, configurações relacionais e visões do próprio self.
Esses estudos e pesquisas apontam a emoção como um força propulsora dos processos transformacionais. E observam que os processos de mudança afetiva que ocorrem naturalmente, envolvendo emoção, relacionamento e o corpo, provocam mudança rápida, profunda e duradoura, levando o self a um novo estado. Quando experienciada em todo o seu processo, o resultado é a ampliação do acesso aos recursos emocionais e, portanto, um funcionamento adaptativo mais complexo e expandido. Esse é o meio e o objetivo da AEDP.
“Ocasiões emocionais […] são extremamente potentes para desencadear reorganizações mentais. As maneiras repentinas e explosivas em que o amor, o ciúme, a culpa, o medo, o remorso ou a raiva podem apoderar-se de uma pessoa são conhecidas de todos. A esperança, a felicidade, a segurança, a determinação […] podem ser igualmente explosivas. E as emoções que surgem dessa maneira explosiva dificilmente deixam as coisas como estavam.” (William James, 1902, citado por Fosha, 2000)