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Integração
A perspectiva integrativa traz a possibilidade do estabelecimento de um diálogo criativo e produtivo entre diferentes áreas e pesquisadores. O modelo AEDP organiza construtos e conceitos que desenham um mapa cientificamente rico e norteador.

Abaixo as principais abordagens e seus respectivos teóricos, pesquisadores e clínicos com os quais a AEDP mantém seu diálogo:
- Teoria da Emoção (por exemplo, Charles Darwin, William James, Sylvan Tomkins, Antonio Damasio);
- Neurociência Afetiva (por exemplo, Antonio Damasio, Richard Davidson, Jaak Panksepp, Steven Porges, Daniel Siegel, Allan Schore);
- A Teoria do Apego (por exemplo, John Bowlby, Mary Main, Peter Fonagy, Jude Cassidy, Karlen Lyons-Ruth);
- Estudos do Desenvolvimento e da Interação Diádica (por exemplo, Beatrice Beebe, Robert Emde, Daniel Stern, Ed Tronick, Colwyn Trevarthen);
- Estudos do Trauma (por exemplo, Richard Schwartz, Francine Shapiro, Bessel van der Kolk);
- Psicoterapias Focalizadas no Corpo (por exemplo, Peter Levine, Pat Ogden);
- Outras Psicoterapias Experienciais (Eugene Gendlin, Les Greenberg, Fritz Perls);
- Outras Psicoterapias Focalizadas no Apego e na Emoção (por exemplo, Daniel Hughes, Susan Johnson);
- Psicoterapias Existenciais Integrativas (Abraham Maslow, Rollo May);
- As Teorias Psicanalíticas das Relações Objetais e do Desenvolvimento, especialmente aquelas com foco tanto no trauma como na transformação (por exemplo, Philip Bromberg, Sandor Ferenzci, James Grotstein, DW Winnicott);
- Terapias Psicodinâmicas Breves (por exemplo, Habib Davanloo, Leigh McCullough, Ferruccio Osimo);
e, por último mas não menos importante,
- Estudos da Transformação, amplamente definidos para incluir diferentes tradições de sabedoria, leste e oeste (por exemplo, Martin Buber, William James, Jon Kabat-Zinn, Michael Mahoney, de Miller & C 'Baca, Ethel Person)
Fonte: www.aedpinstitute.org
“Aceleração” do Processo Terapêutico
Historicamente, uma das grandes preocupações das psicoterapias é o alívio do sofrimento emocional do ser humano, no menor tempo possível.

Nas psicoterapias psicodinâmicas breves, os conceitos de foco, dinâmica central ou conflito central são alguns exemplos da adoção de uma via que vá mais diretamente ao cerne da dinâmica que necessita atenção, trabalho e reorganização em direção à saúde.

No modelo AEDP, o conceito de “aceleração” contempla essa perspectiva adotando uma metapsicologia onde o foco é na experiência emocional de transformação no aqui-e-agora da relação terapeuta-paciente, o que pode nos proporcionar um salto quântico. Esta é uma experiência poderosa que libera o processo transformacional.
Psicoterapia e Neurociência
Uma das perguntas mais frequentes que fazemos é: o que as/os psicoterapeutas podem aprender com a neurociência?

Somos organismos que vivemos as interações constantes com nossos ambientes internos e externos. O órgão que comanda esses processos interacionais e sua regulação é o cérebro. É com ele e através dele que nos conectamos, agimos e sofremos – transformamos e somos transformados, moldamos e somos moldados. A neurociência desenvolve o entendimento desses processos que subjazem as nossas experiências e atos, assim como seus mecanismos e fenomenologia.

Os estudos sobre o funcionamento cerebral fazem com que cada vez mais pesquisadores comecem a trazer seus achados para validar teorias e intervenções psicoterapêuticas.

Atentar para o que a prática clínica nos oferece em termos de fenomenologia de duas mentes conectadas e em atividade traz a possibilidade de uma metodologia que contemple a natureza intrínseca do organismo humano para sua sobrevivência e saúde e ainda possa contribuir para a revelação de novos segredos de nosso cérebro e seu desenvolvimento.
Teoria do Apego
O Apego é um processo adquirido pela evolução da espécie e foi assim organizado para proteger o organismo vulnerável do perigo, garantir sua sobrevivência e facilitar um crescimento ótimo. Segundo John Bowlby (1991: 293)

“A necessidade de manter a proximidade ou acessibilidade a alguém visto como mais forte ou sábio, e alguém que quando é responsivo é profundamente amado, passa a ser reconhecido como parte integrante da natureza humana e com um papel vital.”


O que Bowlby chama de figura de apego é aquela que funciona como uma base segura, como porto seguro. Esta teoria, por manter suas raízes na biologia e na psicodinâmica, vem se confirmando como “lente” para os atuais estudos do desenvolvimento infantil, da interação mãe-bebê. A conexão com a figura de apego é o antídoto do medo e da solidão em face às experiências emocionais avassaladoras.
“Transformance” ou Transformância
É um construto que captura a ideia de que temos uma força inata que nos move em direção à saúde, à transformação, à expansão e à reparação.

Transformance é a contrapartida motivacional da neuroplasticidade. Coloca o organismo em movimento, tentando continuar mesmo em face a histórias traumáticas. Transformância e resistência coexistem. A partir da perspectiva da psicopatologia ser o resultado dos melhores esforços do indivíduo para lidar com as situações dolorosas, a resistência configura-se como uma das forças conservadoras que o indivíduo aciona frente ao novo e à mudança. É, ao mesmo tempo, uma força que freia e protege.

Nessa abordagem, os clínicos não ficam apenas atentos às histórias e ao que protege o sujeito. A atenção se volta para os caminhos concretos onde essas pessoas estão motivadas para correrem riscos, cicatrizarem suas feridas e continuar. Ativar essa força é a proposta da AEDP.
Concepção de Trauma
De uma forma breve, podemos dizer que a AEDP considera dois tipos de Traumas, ambos entendidos como: uma carga emocional que não pode ser processada. O primeiro, aquele com “T” maiúsculo, oriundo das ameaças à sobrevivência. Como, por exemplo, as respostas a eventos catastróficos, a abuso na infância, a sequestros, acidentes, doenças, circunstâncias que, geralmente, levam à Síndrome de Estresse Pós-Traumático. O segundo, o trauma com “t” minúsculo, são ocorrências cotidianas da vida e das relações com os pais ou figuras significativas como professores, colegas ou chefes. São situações nada extraordinárias, que todos experienciam, mas que causam um grande e profundo impacto, provocando um importante padrão de desregulação emocional frente ao estresse, pois atinge o sistema nervoso, o corpo e o psiquismo.

Este segundo tipo de trauma está relacionado a situações de experiências relacionais do Apego. Seriam as falhas constantes e sucessivas nas interações e regulações afetivas efetuadas momento-a-momento (Fosha, 2000) entre a criança e seu cuidador.
A Relação Terapeuta-Paciente
O/a Terapeuta AEDP visa proporcionar e construir com o paciente uma relação balizada pelo apego seguro. O mais importante é que nessa relação, o paciente não se sinta só com suas dolorosas experiências emocionais. Essa relação diádica caracteriza-se por uma atitude afirmadora do paciente, reguladora do afeto, mutuamente prazerosa e emocionalmente engajada. Principalmente pela empatia explícita (usa a expressão verbal de cuidado e compaixão) e implícita (mostra-se em sintonia com o ritmo e tom de voz do paciente).

Assim, em seus momentos de medo, vergonha e angústia, o paciente encontra um porto seguro onde essas emoções podem ser reguladas e toleradas e a exploração de experiências emocionais profundas e dolorosas se torna possível.